- Certo dia, uma formiguinha
imprudente afastou-se do formigueiro pelo meio da neve e nela prendeu o seu
pezinho. Aflita, começou a pedir ajuda com a voz chorosa e cheia de
auto-piedade, esquecida de sua imprudência inicial:
-
Oh sol, tu que és tão forte, derrete a neve que prende o meu pezinho! O sol
respondeu: “Mais forte do que eu é o muro que me tapa!”
-
Oh muro, tu que és tão forte, que tapas o sol, derrete a neve que prende o meu
pezinho!
-
Mais forte do que eu é o rato que me rói!
-
Oh rato, tu que és tão forte, que róis o muro, que tapa o sol, derrete a neve
que prende o meu pezinho!
-
Mais forte do que eu é o gato que me come!
-
Oh gato, tu que és tão forte, que comes o rato, que rói o muro, que tapa o sol,
derrete a neve que prende o meu pezinho!
-
Mais forte do que eu é o cão que me persegue!
-
Oh cão, tu que és tão forte, que persegue o gato, que come o rato, que rói o
muro, que tapa o sol, derrete a neve que prende o meu pezinho!
-
Mais forte do que eu é o homem que em mim manda!
-
Oh homem, tu que és tão forte, que mandas no cão, que persegue o gato, que come
o rato, que rói o muro, que tapa o sol, derrete a neve que prende o meu
pezinho!
-
Mais forte do que eu é o Deus que me criou!
E,
exausta, a formiguinha olhou o céu para o qual o homem apontava e disse:
-
Oh Deus, tu que és tão forte, que criaste o homem, que manda no cão, que
persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, derrete a
neve que prende o meu pezinho!
Deus, então, por amor à
formiguinha, fez girar mais depressa o tempo e em dois minutos fez-se primavera
e, no campo agora coberto de flores multicores, estava derretida toda neve,
todo frio, toda prisão.
A formiguinha, porém, não
arredou o pé de onde estava até chegar o inverno seguinte, quando um floco de
neve prendeu-lhe o pé que nunca tinha libertado.
Que nos ensina esta
formiguinha?
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